Em Análise: Dumbo, em Steelbook Blu-ray

Dumbo é o mais recente título da Disney a chegar ao nosso mercado, sem qualquer opção em português no seu disco, mas com uma edição Steelbook presente. A estratégia da Disney segue, sem qualquer respeito pelo coleccionador português, que se vê obrigado a comprar as edições importadas cá ou, simplesmente, a adquirir essas mesmas edições noutros mercados.


Apresentação (3/5)

A par do Steelbook disponibilizado para o filme de animação da Disney-Pixar Coco, Dumbo conta com uma das melhores artes alguma vez selecionadas para uma edição metálica da Disney. Mas se a edição de Coco venceu em todos os campos, Dumbo mostra-se mais contido nos acabamentos finais. 

Sem qualquer efeito aplicado à sua arte, ou mesmo sem um jogo visual de relevo/baixo relevo, que cairia, excepcionalmente, bem no título do filme, a edição Steelbook do pequeno elefante surge quase banal. O seu acabamento “fosco” retira alguma beleza à arte escolhida. Com isto, a constante teimosia da Disney em preencher os discos Blu-ray apenas com o seu característico tom azul, rebaixa ainda mais a edição. Por fim, a inconsistência do estúdio em alternar entre as caras das personagens e o título do filme na lombada das edições metálicas, continua a incomodar todos os colecionadores. 

Se estes elementos tivessem sido evitados, depressa Dumbo transformar-se-ia num dos melhores exemplares metálicos do ano. Assim, fica apenas com a intenção de o ser… 


Imagem (5/5)

Existindo algo constante em qualquer novo lançamento Blu-ray da Disney, será a excelente qualidade de imagem com que todos os novos títulos do estúdio são disponibilizados. Com um forte detalhe presente e com imagens a explodir de cor, Dumbo é exemplo de mais uma bela transferencia Blu-ray, que demostra tudo aquilo que o formato ainda é capaz. 

Seja pela complexidade visual das personagens reais – desde as suas faces ao seus guarda-roupas – ou pelos milhares de elementos que constituem os vários cenários onde a ação do filme decorre (circo e não só), tudo preenche o ecrã um nível de precisão satisfatório. O próprio Dumbo, um projeto 100% digital, é dotado de uma presença fotorealista. Sentimos que podemos tocar no pequeno Dumbo e que as suas emoções são as nossas emoções. Acreditamos que o pequeno elefante bebé é real. 

Havendo algum ponto mais negativo a apontar, este encontrar-se-á nas sequência decorridas em Dreamland. O extenso uso de CGI presente nos cenários torna-se evidente. Contudo, não constitui motivo suficiente para que a magia do filme desapareça. Todo o visual mais surrealista, através do qual toda a película foi executada, é chamado a intervir, fazendo com que, surpreendentemente, este intenso (e visível) uso de CGI se integre no universo de Dumbo. 


Som (4/5)

Se a imagem de Dumbo segue a já esperada excelência visual de qualquer novo título Disney, o som do mesmo situa-se na banalidade com que as faixas sonoras dos discos Blu-ray do estúdio têm surgido. A faixa em DTS-HD Master Audio 7.1 de Dumbo não é, de todo, má. O seu poder sonoro é mais do que satisfatório, conseguindo carregar, sem problemas, a harmonia do filme. 

Contudo, não ultrapassa esse patamar. Cumpre apenas aquilo que lhe é pedido, não tentando, em momento algum, criar uma experiência sonora memorável para o espectador. Não existem pontos negativos a apontar a nenhuma das cenas. Momentos mais agitados e com um maior nível de ação conseguem ganhar poder com estas faixa, a par dos momentos mais intimos, que nos envolvem nas emoções das perosnagens. Apesar de tudo, isto já é algo esperado em qualquer faixa de um novo título. Dumbo cumpre com o esperado, mas não surpreende. 


Materiais de Bónus (2/5)

Os mais recentes lançamentos Disney não se caracterizam apenas pela retirada de áudio/legendas em português dos discos. A cada novo lançamento, a quantidade de materiais de bónus presente decresce a um ritmo alucinante. Dumbo conta apenas com três pequenos featurettes de bastidores que, em conjunto, não ultrapassam os 20 minutos. Muito ficou por mostrar e isso reflete-se na qualidade destes três momentos. As habituais cenas eliminas e blooppers estão também presentes, mas seguem a simplicidade característica dos extras de Dumbo. 

Circus Spetaculars (08:20): o realizador, Tim Burton, enumera os vários atores que compõem o elenco principal de Dumbo e o processo de como estes foram associados ao projeto. Cada membro do elenco é também chamado a intervir, em pequenas declarações sobre as suas personagens. 

– The Elephant in the Room (05:50): este featurette peca pela curta duração que o caracteriza, onde a construção da personagem central, Dumbo, deveria ser objeto de uma maior análise. Existem pequenos apontamentos de como a presença “real” de Dumbo foi alcançada no momento das gravações. Com recurso à interpretação de Edd Osmond, um “creature perfomer”, essencial para que os atores tivessem algo com que interagir em cena. A criação digital de Dumbo, com recurso a efeitos digitais, é também objecto de análise aqui. Contudo, à semelhança da criação real da personagem, é feita de um modo bastante simplista. Curiosamente, um pequeno vídeo produzido pelo Insider, consegue reunir mais informações sobre a criação de Dumbo para o filme, do que a própria Disney. 

– Bulit to Amaze (07:24): após a abordagem às personagens que circulam pelo mundo de Dumbo, chega o momento de alterar o foco de atenção para o universo onde estas habitam. Este segmento centra-se, concretamente, na construção real dos cenários, existindo pouca (ou mesmo nenhuma) menção, ao modo como estes foram alargados, digitalmente. Há uma pequena passagem pela idealização do guarda-roupa do filme, mas a mesma apenas tem alguns segundos destinados a isso.

– Deleted Scenes: no total, existem nove cenas apagas de Dumbo, que foram incluídas neste disco Blu-ray. Nas noves, não foi possível encontrar algo importante a mencionar. Os momentos incluídos funcionam apenas como um “alargamento” de cenas já incluídas no produto final. Não adicionam nada de novo à história e, mesmo depois de visualizadas, não sentimos a sua falta numa nova “visita” ao filme. Inclui: Roustabout Rufus (00:34),  Pachyderm Plans (01:08), The Other Medici Brother (01:04), Monkey Business (00:31), A Star Is Born (00:30), Where’s Dumbo?! (00:30), Elephants Heist (01:09), Backstage (01:18) e A Seat at The Show (00:19).

– Easter Eggs On Parade (03:52): é normal que novas adaptações de histórias já conhecidas, tentem homenagear o produto original de alguma forma. Esta versão live action de Dumbo não foi exceção e, como tal, ao longo de todo o filme, encontrarão pequenas referencia ao clássico de animação. Este featurette enumera algumas delas. 

– Clowning Around (01:57): os esperados erros de gravação. 

Baby Mine by Arcada Fire (02:59)


Veredicto Final (3.5/5)

Quando foi anunciada e, depois, detalhada, a edição Steelbook de Dumbo parecia ter todos os elementos necessários para se transformar numa das edições do ano. Contudo, no seu lançamentos, os pontos fracos da mesmas foram revelados. Apesar de belissima, a arte da edição surgiu desprovida de qualquer acabamento visual adicionar, o que acabou por prejudicar a edição como um todo. Os fracos materiais de bónus presentes também não ajudaram o estatuto de Dumbo e a sua componente técnica, apesar de bastante positiva, não dos deixa esquecer a falta de opções em português no disco. Este era um Steelbook que tinha tudo para, tal como o nosso pequeno Dumbo, voar mas que, no final, o medo do pódio e das grandes alturas, o deixou preso às suas próprias limitações. 

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