Em Análise: Homem- Formiga e a Vespa, em SteelBook Blu-ray 3D+Blu-ray

Um novo lançamento distribuído pelos estúdios Disney e uma nova vítima da sua tirania.

Homem-Formiga e a Vespa foi o mais recente filme selecionado para ver quaisquer opções no nosso português excluídas de todos os discos internacionais. A Disney continua, assim, a sua missão de privar todos os coleccionadores portugueses de visionarem os seus filmes favoritos com legendas em português, no formato físico. Com isto, esperam que, no próximo ano, todos os portugueses corram para o seu novo serviço de streaming: o Disney+.

Pelo Sétima, corremos para o mercado espanhol e para o tentador preço da Black Friday pedido por esta edição Steelbook. A mesma que hoje (19/12) foi disponibilizada no nosso mercado, através de uma importação da NOS Audiovisuais/Fnac.

Agora, trazemos a visão sobre a edição e o seu disco Blu-ray.


Apresentação (3/5)

Sem grandes efeitos de maior, o Steelbook de Homem-Formiga e a Vespa perde-se nas dezenas de edições metálicas disponibilizados ao longo do ano.

A arte selecionada, apesar de satisfatória, é apenas uma repetição do efeito visual de “diminuição” utilizado até à exaustão no material promocional do filme anterior, assim como nesta sequela. Algo inovador beneficiaria, em muito, esta edição. A própria arte interna utiliza as já habituais artes conceptuais de pré-produção, selecionadas para quase todas as edições Steelbook dos lançamentos. Já os discos, como sempre, seguem o azul plano (e sem graça) da Disney. A salvar esta versão, está a lombada que, por fim, para Espanha, têm sido encarada de um modo correto: presença do título e nunca das personagens. 

Apesar de não existir nada que nos permita exaltar esta edição, não podemos negar que uma nova adição metálica à coleção é sempre superior às banais caixas de plástico. Principalmente, para quem já possui grande parte do Universo Cinematográfico da Marvel em Steelbook. Só por isso, é a compra recomendada para qualquer colecionar e fã deste universo de banda desenhada. 

Imagem (4/5)

Poderemos apontar diversas falhas aos lançamentos Blu-ray da Disney – sendo que a principal, por terras lusas, é a incompreensível falta de legendas em português – mas a qualidade de imagem das suas transferências nunca será uma delas. O estúdio sempre se mostrou como pioneiro na máxima experiência visual do entretenimento em casa e, ainda hoje, continua a fazê-lo. Mesmo quando os seus discos não atingem uma extrema excelência visual, como é o caso de Homem-Formiga e a Vespa, o que é entregue apresenta-se numa posição mais do que satisfatória. 

É através de um codec AVC 1080p, apresentado num formato de 2:39:1, que Homem-Formiga e a Vespa chega ao pequeno/grande ecrã. E apresenta-se de uma forma distinta da sua restante “família cinematográfica”. Este é um filme com um ambiente diferente da maioria do Universo Cinematográfico da Marvel, onde a realidade ganha destaque. Como Peyton Reed – o realizador – nos transmite nos materiais de bónus desta edição, o que, aliás, se procurou alcançar com este filme foi um universo assente, acima de tudo, na realidade.Não será talvez por acaso que as principais cenas de ação do filme, como o confronto inicial da Vespa no restaurante, utilizam diversos objetos do quotidiano, em ambientes, também eles, facilmente, reconhecíveis. Os próprio fatos dos heróis, exibem um detalhe excecional, potenciado pela sua apresentação real em cena. São, de facto, utilizados pelos atores nas gravações e não construídos, posteriormente, na pós-produção digital. 

É, aliás, em todo este “realismo” que a transferência brilha. Quando passamos para momentos mais dominados por CGI, parte do detalhe desaparece. Não é que os elementos digitais não possuam as suas forças visuais, mas apenas não conseguem alcançar a excelência do restante ambiente que os envolve, transmitindo, por vezes, uma sensação de “desfoque”. A grande exceção são as técnicas digitais utilizadas para a construção das versões jovens de Hank Pym e Janet Van Dyne. Simplesmente, extraordinário e, assustadoramente, real!

Por fim, sem nenhum elementos visual de maior em destaque, toda a imagem do filme surge banal. Aliando isso à habitual paleta de cores com fraca saturação  e vigor a que a Marvel já nos habitou, esta transferência surge banal… com exceção nas cenas decorridas no Reino Quântico, onde o contraste e saturação das cores ganha destaque. Uma pequena correção de cor potenciaria, em muito, o filme. Mas, a ausência da mesma, leva-nos a encarar esta transferência como um produto (quase) inacabado. 

Som (3/5)

Tornou-se já fácil identificar qualquer lançamentos dos estúdios Marvel/Disney através, apenas, da sua faixa sonora. Apesar da disponibilização do áudio acontecer sempre em codificações mais do que competentes, como é o caso deste DTS-HS Master Audio 7.1, existe sempre uma constante “falta de força” na faixa. 

A partir dos momento em que os primeiros acordes preenchem o espaço, sentimos, imediatamente, a necessidade em aumentar o volume para um nível mais considerável. Um erro presente em todos os lançamentos Blu-ray do estúdio e que, de momento, não mostra sinais de correção. 

Mas quanto à faixa em si para Homem Formiga e a Vespa, esta, assim que o volume sofre um incremento, surge confiante. Consegue proporcionar uma experiência sonora imersiva, com os seus diversos sons posicionados no local correto e surgindo sempre distintos entre si. Momentos de maior ação explodem de intensidade, enquanto que situações calmas permitem até ouvir os mais modestos efeitos sonoros. 

Uma pequena falha a apontar estará na predominância da banda sonora, uma vez que sentimos que, quando esta surge, emerge numa posição demasiado tímida e com pouco vigor. Como seria de esperar, o diálogo é também claro e encontra-se sempre numa posição prioritária.  

Materiais de Bónus (1/5)

Começamos a análise num nível banal com a apresentação da edição, seguimos em alta com a sua qualidade de imagem, perdemos força no som e, agora, nos materiais de bónus, este disco Blu-ray perde, na totalidade, a sua camada protetora. Lançamento após lançamento, os estúdios Disney continuam a menosprezar todos os títulos Marvel, com featurettes banais, que nada adicionam à edição. Com Homem-Formiga e a Vespa afirmamos, mesmo, que caso todos fossem retirados da edição, não sentiríamos a sua falta.  

– Making-Of: Um nome enganador para aquilo que a Disney se propõe a entregar. Um conjunto de quatro featurettes, num constante fast forward, que nos seus 20 minutos de duração (na totalidade) possuem uma abordagem que salta as referências aos bastidores técnicos em si. Aliás, do ponto de vista do entretenimento, são muito mais ricas em informação as imagens de fundo que vão passando, à medida que as declarações dos intervenientes são proferidas. 

– De volta ao Fato-Formiga: Scott Lang (05:56): um foco no ator Paul Rudd e como o seu backgroud de comédia influenciou o ambiente vivido no estúdio, assim como a própria construção da sua personagem. É “enriquecido” com declarações do próprio ator, assim como do realizador, produtores e restante elenco.

– O seu próprio fato: A Vespa (05:56): para além, de como seria de esperar, dos contributos dos responsáveis pelo guarda-roupa no filme, a própria Envangelyn Lilly surge com declarações sobre como tentou tornar a personagem em algo seu. Há ainda a adição da visão do realizador e do próprio Kevin Feige sobre a personagem, mas tudo de um modo muito superficial. 

– Heróis Subatómicos: Hank e Janet (04:09): Michelle Pfeiffer e Michael Douglas transmitem o modo como abordaram as suas personagens e de como foi a sua experiência de entrar num universo cinematográfico de banda desenhada e oposto aos trabalhos, habitualmente, desenvolvidos por eles. 

– A perspetiva quântica: Os efeitos visuais e especiais de Homem Formiga e a Vespa (07:04): a construção do laboratório de Hank e Hope. Esse deveria ser o verdadeiro título deste featurette, tal é o grande foco dado a este elemento. Apesar de transmitidas informações bastante interessantes sobre todo este processo, assim como os diversos usos das cidades de Atlanta e São Francisco para a construção de cenários reais, gostaríamos de ver muito mais. Por exemplo, a fase de pós-produção não é mencionada… o que é uma pena.

– Momentos engraçados:

– Momentos engraçados (01:31): até nos típicos bloopers, a montagem presente surge em alta velocidade. Quando nos apercebemos, já terminou. E, para além de curta, a sua qualidade é também nula.

– Os outtakes de Stan Lee (00:46): as várias “piadas” não utilizadas para o cameo de Stan Lee. 

– Os Outtakes de Tim Heidecker (01:26): as várias “piadas” não utilizadas para o cameo de Tim Heidecker. 

– Cenas eliminadas: Duas pequenas (e insignificantes) cenas extra, que nos levam a questionar se tudo o que foi filmado foi, de facto, utilizado no produto final ou se esta foi apenas a “preguiça” da Disney em procurar momentos inéditos. A destacar temos apenas os comentários do realizador, que, por limitadas que sejam, ainda conseguem transmitir algo. 


Veredicto Final (3/5)

Análise após análise aos títulos distribuídos pela Disney, torna-se difícil recomendar, quando edição Blu-ray deste estúdio não possui legendas em português. Apesar desse fator não limitar a minha compra da edição – fico bem servido com as legendas em inglês – sei que para muitos esse é um fator de aquisição determinante. Mas, mesmo que a presença única do inglês não perturbe o visionamento do filme, continuo a considerar como inadmissível a atitude da estúdio para com todos os coleccionadores portugueses. Tudo isto a favor de um serviço de streaming que, para os amantes do formato físico, terá tudo para falhar no nosso país.

No entanto, colocando esta questão de parte, facilmente, compreenderão que a recomendação da compra desta edição é certa para qualquer fã Marvel. É verdade que possui as suas falhas, mas esta versão Steelbook apresentar-se-á sempre como uma seleção superior à banal “caixa de plástico azul”.

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